Faltam somente 12 dias para o primeiro evento de lançamento e isso tudo tem uma importância simbólica enorme para mim.
Difícil explicar, mas vou tentar: foi exatamente nessa loja da Livraria Cultura que eu resolvi, em uma tarde de 2004, trabalhar para mim em vez de trabalhar "para os outros" como sempre fiz.
Lembro que saí bem chateado (prá não dizer puto da vida comigo mesmo) de uma reunião presepesca com executivos de numa famosa editora, acelerei minha saudosa CBR1000F com raiva até o Shopping Villa-Lobos, estacionei, entrei na Livraria Cultura e só parei na frente do rapaz que cuidava dos dvds.
"Tenho uma produtora de filmes e estou fazendo conteúdos em dvds. Se forem bacanas, vocês comprariam de mim", perguntei?
Ele disse que sim, batemos o primeiro de muitos papos interessantes e foi assim que começou a nascer a marca ALMA SELVAGEM LTDA.
O primeiro filme que fiz, o "Alma Selvagem, amor por motocicleta" foi pré-lançado no Salão das Duas Rodas de 2007 e com todo o esforço do mundo e a ajuda de muita gente legal que encontrei pelo caminho, eu o divulguei, bati de porta em porta, dei entrevistas, viajei para longe, rodei pra caramba e... valeu a pena porque elefoi sendo o abridor de portas.
Nunca ninguém tinha ouvido falar de um filme nacional que só tratava de motociclismo. Foi difícil fazer as pessoas entenderem nossas intenções, principalmente para os comerciantes do mercado e homens de negócios do trade. Muitos pensavam que éramos mais um desses programas caça-níqueis, que felizmente são poucos mas que denegriram bastante o tipo de trabalho que uma produtora executa. Enfim, com o tempo tudo se aclara. Muita coisa boa aconteceu de lá para cá e aos poucos vamos mostrando qual é o nosso negócio. Somente depois do tempo certo, começamos a mostrar a nossa face voltada para o trade, para as fabricas, para as agencias de publicidade, que infelizmente somente os poucos e grandes usam. Uma pena, mas daqui a pouco isso melhora, porque o mercado cresce e a competividade também.
Mas é muito bom voltar na mesma loja onde tudo começou, ja com um filme bem mais deglutível e interessante que o anterior.
Deglutível? Como sempre digo, o primeiro era uma pincelada superficial sobre varios assuntos do mundomoto, como as diferentes tribos, os maníacos por potência, as clássicas, os motoclubes, os encontros. Corri um risco enorme -apesar de calculado- de fazer um dvd chato, por ter tanta paparia e relativamente, pouca moto.
Agora, com o ALMA 70 o papo é outro. Temos quase 3 horas de conteúdo super-interessante, com o Ganriel Marazzi no papel de apresentador que mostra desde o Denísio Casarini contando detalhes do corrida onde ele recebeu a bandeirada escorregando pela pista sem moto, até o filho do Luís Latorre confidenciando porque desistiu de ser piloto.
É, é muito bom voltar para a Cultura do Villa-Lobos.